Lucas 18

Contou-lhes, ademais, uma parábola sobre o dever de orar sem cessar e de nunca esmorecer.

Eis que se narra: Havia, em uma certa cidade, um juiz que não reverenciava a Elohim, nem se dignava a prestar respeito aos homens.

Havia, outrossim, naquela mesma urbe, uma viúva que a ele se achegava, rogando com fervor: "Fazei-me, pois, justiça contra o meu adversário."

E, por algum tempo, não lhe quis prestar ouvidos; mas, após, falou consigo mesmo: Ainda que não tema o Altíssimo, nem reverencie os homens, ser-vos-á manifesto que, porventura, hei de considerar tal súplica.

Todavia, ainda que esta viúva me cause importunação, ser-vos-á feita a devida justiça, para que não continueis a vir inquietar-me com vossa insistência.

Prosseguiu o Mestre: "Ouvi, pois, o que enuncia este juiz iníquo."

E não haverá Elohim de fazer justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, sendo Ele longânimo para com eles? Assim, pois, vos asseguro que a justiça ser-vos-á concedida com presteza, ainda que a paciência divina se mostre em sua magnanimidade.

Declaro-vos, com solenidade, que, em mui breve tempo, ser-lhes-á prestada a devida justiça. Contudo, quando o Filho do Homem houver de retornar, encontrará Ele, porventura, fé sobre a face da terra? [Dn 7.13]

Propôs, outrossim, esta parábola a certos que, em sua própria presunção confiando, se reputavam justos e, com soberbo desdém, menosprezavam os outros:

Dois homens subiram ao templo com o intento de orar: um, fariseu; o outro, publicano.

O fariseu, de pé, assim orava em seu coração: Ó Elohim, graças Vos presto por não ser eu semelhante aos outros homens, roubadores, iníquos, adúlteros, nem mesmo como este publicano.

Vós que credes em vossa piedade, sabei que jejueis por duas vezes na semana e entrego o maaser de tudo [Lv 27.30]

Eis que o publicano, mantendo-se à distância, nem mesmo se atrevia a alçar os olhos ao firmamento; antes, percutindo o peito com angústia, clamava: Ó Elohim, sede-me propício, a mim, que sou pecador e transgressor da vossa lei! [Sl 51.1]

Proclamo-vos, com a solenidade devida, que este desceu justificado à sua habitação, e não aqueloutro; porquanto todo aquele que a si mesmo se exaltar será, inevitavelmente, humilhado; ao passo que aquele que a si mesmo se humilhar será, por mercê divina, exaltado [Pv 29.23].

Apresentavam-Lhe os infantes, para que, com o Seu toque, os agraciasse com Sua bênção; os discípulos, todavia, ao contemplarem tal espetáculo, repreendiam-nos com austera severidade.

Yeshua, chamando-as para junto de si, declarou com solenidade: "Deixai que as crianças se acerquem de mim, e não as impeçais, porquanto a elas pertence o reino do Altíssimo."

Em verdade vos declaro, ó vós que me ouvis, que aquele que não receber o Reino do Altíssimo com a singeleza de uma criança, de modo algum logrará adentrar nele.

E um dos principais, dirigindo-se a Ele, inquiriu: Ó Bom Mestre, que me cumpre fazer para que alcance a vida eterna? [Lv 18.5]

Respondeu Yeshua: Por que me designais como bom? Nenhum há que verdadeiramente o seja, salvo um só, que é Elohim. [Dt 6.4]

Sabei, pois, os mandamentos que vos foram dados: Não cometereis adultério; não tirareis a vida a outrem; não furtareis; não levantareis falso testemunho; honrai a vosso pai e a vossa mãe [Êx 20.12-17].

Respondeu o varão: Tudo isto tenho guardado desde a minha juventude [Sl 119.9].

Quando Yeshua houve escutado tal discurso, assim proclamou com solene voz: "Ainda te falta uma só coisa; vende tudo quanto possuís e reparte-o entre os pobres, e terás um tesouro nos céus; e, pois, vem e segue-me."

Contudo, ao escutar tais palavras, encheu-se de mui profunda tristeza, pois que era detentor de imensas riquezas.

E Yeshua, ao mirá-lo em tal condição, exclamou: Quão dificultoso ser-vos-á, vós que possuís riquezas, ingressar no reino do Altíssimo!

Em verdade vos digo, mais fácil ser-vos-á que uma grossa corda passe pelo fundo de uma agulha, do que um rico ingresse no Reino do Altíssimo.

Assim, aqueles que tal ouviram, interrogaram: Quem poderá, pois, alcançar a salvação?

Respondeu-lhes com gravidade: Aquilo que aos homens se afigura impossível, a Elohim ser-vos-á possível [Jr 32.27].

Disse Kefa: Tudo abandonamos, e a Ti seguimos, ó Mestre. Assim, pois, com humildade vos rogamos que nos guieis, pois vós sois o caminho e a luz que almejamos.

Yeshua, em resposta, assim lhes dirigiu a palavra: Em verdade vos afirmo que não há quem, por amor ao reino do Altíssimo, tenha deixado casa, ou esposa, ou irmãos, ou pais, ou filhos, que não receba, em retribuição, muito mais neste tempo presente e, no século por vir, a vida eterna.

Que não vos seja concedido, neste tempo presente, receberdes abundantes bênçãos, e no mundo vindouro, Olam Habá, a vida eterna.

Tomando Yeshua consigo os doze, dirigiu-lhes a palavra nestes termos: "Ascendemos a Yerushalaim, e cumprir-se-á no Filho do Homem tudo quanto, pelos navim, foi antigamente escrito [Is 53.1-12]."

Ser-vos-á entregue aos povos alheios, e sereis escarnecido, ultrajado e vilipendiado [Is 53.3];

E, após terem-no flagelado, hão de infligir-lhe a morte; e, ao terceiro dia, ressurgirá dentre os mortos [Os 6.2].

Contudo, nada compreenderam eles daquilo; aquelas palavras lhes soavam como enigmas, e não logravam alcançar o sentido do que lhes era pronunciado.

Quando se acercava de Yeriho, eis que um cego, postado à margem do caminho, suplicava por esmolas com humilde fervor.

Este, ao perceber o murmúrio da turba que por ali transitava, indagou qual seria a causa de tamanho tumulto.

Informaram-lhe que Yeshua, o Natzri, por aquelas paragens transitava.

Assim, elevou ele a sua voz em brado, exclamando: Yeshua, Filho de Davi, sede misericordioso para comigo! [2Sm 7.12-16]

E os que adiante caminhavam o repreendiam, com o intento de que se calasse; ele, todavia, clamava com mais ardor: Filho de Davi, tem piedade de mim! [2Sm 7.12-16]

Deteve-se Yeshua e ordenou que lho trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:

Que quereis vós que vos faça? Respondeu-lhe: Mestre, seja-me concedido que eu torne a ver.

Disse Yeshua: "Eis que a tua fé te salvou."

De imediato, recuperou a visão e começou a segui-lo, glorificando o Altíssimo. E todo o povo, ao testemunhar tão grande prodígio, entoava louvores a Elohim.