Lucas 6

Luqas

1

E aconteceu que, em um dia de Shabat, atravessava Yeshua os campos de semeadura; e os seus discípulos, colhendo as espigas, as comiam, após debulhá-las com as mãos. Eis que, pois, neste santo dia, assim procediam, conforme vos é narrado.

2

Alguns dos fariseus, porém, interrogaram: Por que fazeis vós o que não vos é lícito realizar nos dias de sábado? [Êx 20.8-10]

3

E Yeshua, em resposta, lhes dirigiu a palavra: Porventura não haveis lido o que fez Davi, quando a fome o acometeu, a ele e aos que o acompanhavam? [1Sm 21.1-6]

4

Como ousou adentrar a casa de Elohim, e, tomando os pães da proposição, deles se nutriu, e os repartiu também com os seus companheiros, ainda que não lhes fosse permitido tal ato, sendo este privilégio exclusivamente reservado aos cohanim? [1Sm 21.6]

5

Disse-lhes, outrossim, com solene gravidade: O Filho do Homem é, igualmente, Adon do Shabat [Ex 20.8-11].

6

Sucedeu que, em outro sábado, adentrou Ele a casa de oração e ali ensinava. Achava-se presente um homem cuja mão direita se mostrava mirrada.

7

E os doutores da Torah e os parushim o espreitavam com suma atenção, a fim de averiguarem se Ele haveria de operar cura em dia de shabat, movidos pelo propósito de acharem pretexto para o acusarem.

8

Ele, todavia, perscrutando os desígnios ocultos de seus corações, voltou-se ao homem que sofria da mão ressequida e lhe ordenou: "Levanta-te e põe-te em pé no meio de nós." E aquele, erguendo-se, assim procedeu, mantendo-se de pé, conforme lhe fora mandado.

9

Disse-lhes, pois, Yeshua, com grave e solene tom: "Interrogo-vos, ó vós que aqui estais: É lícito, no shabat, obrar o bem ou perpetrar o mal? Salvar a vida ou deixá-la perecer? [Êx 20.8-11]"

10

E, volvendo os olhos a todos os que o rodeavam, pronunciou ao homem com grave autoridade: Estende a tua mão. Assim o fez aquele, e, por mercê divina, a mão lhe foi plenamente restituída.

11

Porém, encheram-se eles de indignação e, em secreto conciliábulo, deliberavam entre si acerca do que deveriam fazer a Yeshua.

12

Naqueles dias, retirou-se Ele a um monte com o propósito de orar; e ali permaneceu por toda a noite em fervorosas súplicas a Elohim.

13

Após o surgir da alva, convocou os seus discípulos e, dentre eles, escolheu doze, aos quais, de igual modo, outorgou o título de apóstolos.

14

Shimon, a quem também denominou Kefa, e André, seu irmão; Iaakov e Yohanan; Filippos e Bar-Talmai; Explicação: O texto foi reescrito com um tom formal e culto, substituindo "ao qual também chamou" por "a quem também denominou", que reflete um estilo mais clássico e erudito, condizente com a tradição literária brasileira de cunho elevado. Não foram identificados erros gramaticais ou de acentuação no texto original fornecido, e os nomes próprios foram preservados em sua forma transliterada, conforme solicitado. Não houve necessidade de adições ou inserções entre colchetes, pois o conteúdo original foi mantido integralmente. O ponto e vírgula no final foi mantido, presumindo-se que o texto seja parte de uma enumeração maior, conforme o contexto implícito.

15

Matityahu e Toma; Iaakov, filho de Alfeu, e Shimon, que Zelote se chama;

16

Yehuda, filho de Iaakov, e Yehuda Iscariotes, aquele que se fez também o traidor.

17

E Yeshua, descendo em companhia deles, deteve-se em um lugar plano, acompanhado do grupo de seus discípulos e de uma grande multidão, oriunda de toda a Yehuda e Yerushalaim, bem como do litoral de Tiro e de Sidom, os quais para ali acorreram com o intento de ouvi-lo e de serem curados de suas enfermidades.

18

E aqueles que, afligidos por espíritos imundos, padeciam tormentos, eram por fim libertados e curados.

19

E toda a multidão buscava tocar-Lhe, porquanto d’Ele emanava uma virtude que a todos sarava.

20

Então, erguendo Ele os olhos para os seus discípulos, assim proclamava: Bem-aventurados sois vós, os pobres, pois a vós pertence o Reino do Altíssimo.

21

Bem-aventurados vós, que ora padeceis fome, pois ser-vos-á concedida a saciedade. Bem-aventurados vós, que neste momento derramais lágrimas, pois haveis de encontrar o riso em vossos corações.

22

Bem-aventurados sois vós, quando os homens vos aborrecerem, e quando vos apartarem da sua companhia, e vos ultrajarem, e repudiarem o vosso nome como indigno, por amor do Filho do Homem. [Is 66.5]

23

Regozijai-vos nesse dia e exultai, pois grande ser-vos-á o galardão nos céus; assim procederam vossos pais para com os navim [Jr 16.14-15].

24

Ó vós, que em riquezas vos rejubilais, ai de vós! Pois já recebestes a vossa consolação, e nada mais vos será concedido.

25

Ai de vós, que agora vos achais saciados! Pois que haveis de padecer fome. Ai de vós, que neste momento rides com jovialidade! Pois que vos lamentareis e haveis de chorar com amargura. [Is 65.13-14]

26

Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem! Pois, de igual modo, procederam vossos pais para com os falsos navim. [Jr 5.31]

27

A vós, porém, que me escutais, declaro: Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos aborrecem [Lv 19.18].

28

Bendizei àqueles que vos maldizem, e rogai por aqueles que vos difamam. [Pv 20.22]

29

Aquele que te ferir em uma das faces, apresenta-lhe a outra; e àquele que te houver arrebatado a capa, não lhe recuses igualmente a túnica.

30

Concedei a todo aquele que de vós algo solicitar; e àquele que tomar o que vos pertence, não o reclameis. [Dt 15.7-8]

31

E, de igual modo, como desejais que os homens vos tratem, assim também vós os haveis de tratar [Lv 19.18].

32

Se amardes àqueles que vos amam, que mérito vos será atribuído? [Lv 19.18] Porventura, não fazem o mesmo os transgressores, amando àqueles que os amam?

33

E se vós fizerdes o bem àqueles que vos fazem bem, que mérito vos será atribuído por tal? Porventura, não fazem o mesmo os transgressores da lei?

34

E se vós emprestardes àqueles de quem esperais receber retribuição, que mérito vos será atribuído nisso? Porventura, também os transgressores emprestam aos seus semelhantes transgressores, almejando receber igual quantia em retorno.

35

Amai, pois, vossos inimigos, praticai o bem e concedei empréstimos, sem aguardar qualquer retribuição [Lv 19.18]; e ser-vos-á grande a recompensa, e sereis filhos de Elohim; porquanto Ele se mostra benigno até mesmo para com os ingratos e os malévolos.

36

Sede vós misericordiosos, assim como o vosso Pai é clemente. [Lv 19.2]

37

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e ser-vos-á concedido o perdão. [Lv 19.18]

38

Dai, e ser-vos-á dado; medida boa, comprimida, agitada e a transbordar, vos hão de oferecer; porquanto, com a mesma medida com que medirdes, sereis vós medidos [Lv 19.35-36].

39

E propôs-lhes, outrossim, uma parábola: Poderá, porventura, um cego conduzir outro cego? Não tombarão ambos no abismo? [Is 42.19]

40

Não é o discípulo superior ao seu mestre; todavia, todo aquele que for devidamente instruído tornar-se-á semelhante ao seu adon.

41

Por que enxergais o argueiro no olho de vosso irmão, e não atentais à trave que se encontra em vosso próprio olho?

42

Ou como ousas vós dizer a vosso irmão: "Irmão, permite-me que eu remova o argueiro que se encontra em teu olho", enquanto não percebes a trave que jaz em teu próprio olhar? Ó hipócrita! Removei primeiramente a trave que obscurece tua visão; e então, com clareza, ser-vos-á dado enxergar para extrair o argueiro que aflige o olho de vosso irmão.

43

Porquanto não existe árvore boa que produza fruto mau, nem tampouco árvore má que venha a gerar fruto bom.

44

Porquanto cada árvore se faz conhecida pelo seu próprio fruto; dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas. [Mt 7.16]

45

O homem de virtude, do precioso tesouro de seu coração, extrai o bem; ao passo que o homem de índole maligna, do seu tesouro corrompido, retira o mal. Pois, daquilo que em abundância se alberga no coração, disso se expressa a boca. [Pv 4.23]

46

E por que razão me invocais, dizendo: Mestre, Mestre, e não cumpris aquilo que vos ordeno? [Is 29.13]

47

Todo aquele que a mim se achegar, e as minhas palavras escutar, e as cumprir [Dt 6.4-6], ser-vos-á revelado a quem se assemelha:

48

Semelhante é ao varão que, ao edificar uma morada, cavou com afinco, escavou profunda vala e assentou os fundamentos sobre a rocha inabalável. E, sobrevindo a enchente, a torrente, com grande ímpeto, investiu contra aquela casa, mas não logrou abalá-la, porquanto fora ela erigida sobre a rocha.

49

Mas aquele que ouve e não pratica é comparável a um homem que edificou uma casa sobre a terra, sem alicerces, contra a qual se arrojou com ímpeto a torrente, e logo ruiu; e foi mui grande a destruição daquela morada.